DA REDAÇÃO: Tomou posse, na última terça-feira (17), o suplente do senador Valdir Raupp (PMDB), o também peemedebista Tomás correia. Ele, assim como outros 17 que lá estão, chegou ao Senado sem ter recebido um voto sequer do eleitor Rondoniense. É a grande imoralidade do sistema eleitoral brasileiro em relação ao Senado. Tomás é cria de um sistema eleitoral absurdo, que permite que pessoas que nunca receberam votos se transformem em senadores, porque “foram eleitos” como primeiro ou segundo suplentes. Tal sistema se transformou em uma moeda cara. A cada eleição, movimentos pela ética eleitoral denunciam que os candidatos à suplência na verdade são financiadores de campanha e, como pagamento, recebem a possibilidade de brincar de senador. Tomás correia é promotor aposentado e das vezes que colocou o seu nome numa disputa eleitoral na região de Jaru nunca obteve votos para eleger-se. Mas é absurda a forma de acesso, o que – por si só – já torna questionável se realmente são bons políticos por se subordinarem a tal jogo. Há alguns anos, o sojicultor milionário Blairo Maggi (MT) era um empresário sem carreira política. Virou suplente de senador na década de 90. E, claro, teve a vez dele de assumir o Senado, sem nunca ter sido votado para a Casa, no tradicional conchavo em que o titular se afasta “por problemas dos mais diversos” durante uns dois ou três meses. Tornou-se conhecido e se elegeu governador de Mato Grosso. Hoje, é senador enfim realmente eleito. Enfim, a suplência nos anos 90 foi um excelente trampolim. O senador Eduardo Suplicy, este – sim – sempre eleito pelo crivo popular, tentou projeto de lei para que o suplente também fosse votado. Claro que o projeto de lei naufragou. Talvez justamente porque secaria uma fonte de financiamento de campanha, fonte nada moral, mas… Em abril de 2008, estudo demonstrava que os senadores suplentes em posse eram cerca de 20%, exatamente 16 senadores, de todas as cores políticas. Enfim, há muitas imoralidades na política eleitoral brasileira, mas provavelmente nenhuma com tanto simbolismo quanto a que legitima os senadores sem voto, principalmente aqueles que recebem o mandato como paga por financiamento de campanha ou por favores políticos feitos, como parece ser o caso de Correia. Neste ponto, palmas para o sistema eleitoral afim aos deputados, em que os suplentes ao menos se expuseram para os eleitores. E os senadores sem voto? Estes não estão nada ligando para as vaias, porque não precisaram do eleitor.
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