ARTIGO/OPINIÃO: Vitória por Deus

OPINIÃO: Escutando as rádios de Jaru nestes dias que sucedem a eleição temos visto com frequência os candidatos eleitos agradecerem a Deus por terem conseguido os votos necessários à vitória nas urnas. Com os de Governador Jorge Teixeira que por lá já passaram a conversa não foi diferente. Pois Bem:   Sou meio chato às vezes, mas tenho o dever de esclarecer algumas coisas que minha experiência de vida (apesar de ser muito jovem ainda) me capacita e me condiciona a dar a meus leitores alguma opinião crítica a respeito do tema citado acima.
Não concordo com a opinião de que determinado candidato ganhou ou perdeu por uma intervenção divina. Muito pelo contrário, acho até que é uma blasfêmia contra Deus ficar condicionando vitórias ou derrotas a Deus como se ele que tivesse manipulado a mente das pessoas e direcionado para votar no candidato A ou B. Ou seja, numa campanha Deus quer que o Candidato A perca porque não é bom para a cidade, mas em outra campanha ele quer que o mesmo candidato A ganhe porque agora é bom para a cidade. O livre arbítrio dado pelo próprio Deus aos homens fica sem sentido quando alguém crer nisso. Eu ignoro de imediato toda e qualquer declaração espiritual a respeito de vitória ou derrota política. Acho isso totalmente sem sentido. Absurdo até.
Interessante é que quando algum político ganha uma eleição, seu discurso é de que foi Deus quem o colocou lá. Quando perde, seu discurso muda completamente omitindo a intervenção Divina e culpando o poder econômico do adversário e a traição dos homens.
As pessoas devem entender que uma intervenção divina é algo sobrenatural, algo que o homem não tem condições de fazer, algo completamente fora da terceira dimensão na qual estamos presos. Pra eleger um candidato não precisa nenhuma influência divina, o que precisa mesmo é voto na urna. O candidato mais votado é o candidato eleito pelo povo. Não adianta rezar nem orar. Em política o que vale mesmo é voto na urna. Deus apenas permite que as coisas aconteçam, mas não intervém.
É bom que se entenda que nós vivemos num sistema democrático onde o povo é que escolhe seus representantes e não Deus. Se fosse Deus quem escolhesse não estaríamos falando em democracia e sim em Teocracia (“Governo dum estado exercido por Deus”) Dicionário do Século Vinte, de Webster.
Na Bíblia, mais precisamente no Antigo Testamento, Deus escolhia uma pessoa para governar Israel. Foi o caso de Abraão, Moisés, Josué e muitos outros, mas o povo de Israel desejou um Rei, isso não era bom aos olhos de Deus, uma vez que, num reinado o governo era passado de Pai para filho deixando Deus de fora da escolha. Hoje em Israel existe um Parlamento onde o povo escolhe os Deputados e estes decidem o Primeiro Ministro. Sendo assim, Deus não escolhe o primeiro Ministro de Israel, quem escolhe na verdade é o povo através dos deputados eleitos.
Portanto, quero deixar bem claro que, em minha opinião, não existe nenhuma lógica quando alguém tenta forçar uma intervenção divina na escolha de um determinado candidato. A escolha do voto é algo perfeitamente natural, longe do campo espiritual e é exercido pelo ser humano quando analisa e escolhe seu candidato ou utiliza outros critérios não muito recomendados. Sugiro que sejamos mais racionais com relação a esse assunto e que não deixemos a emoção se sobrepor a razão.

Profº Antonio Luiz