NOVA RONDÔNIA: Crise no governo do Estado pode atrasar salários dos servidores

DA REDAÇÃO: A crise econômico-financeira do governo do Estado já reflete na economia estadual. O governador Confúcio Moura (PMDB) está percorrendo órgãos de comunicação na capital e interior alegando que os repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPM), estão com valores reduzidos e comprometendo a administração.

Em razão do momento econômico difícil, inclusive com crise entre os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), além de Tribunal de Contas, Ministério Público e Defensoria Pública, há possibilidade de ocorrer atraso na folha de pagamento dos servidores.

Há meses que o Estado não vem pagando os servidores nas datas bases. Alguns setores tiveram atrasos significativos, sempre negados pela Secretaria da Fazenda.

Deputados estaduais, como o presidente da Assembleia Legislativa Hermínio Coelho (PSD-PVH) vem alertando sobre as dificuldades financeiras do governo do Estado há meses. Sempre foi contestado pela equipe de governo, mas agora a crise veio à tona.

Além da possibilidade de atraso no pagamento dos servidores neste final de ano, mesmo com os constantes remanejamentos solicitados à Assembleia Legislativa e aprovados, em razão de dentre outros itens, o excesso de arrecadação, compromissos com os fornecedores não estão sendo cumpridos. Alguns com atraso de até 4 meses.

Na secretaria da Fazenda a informação é que os fornecedores poderão receber um mês do atrasado, mas dificilmente a situação será colocada em dia este ano. 

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Um empresário que pediu para não ter o nome citado disse que recorrer à Justiça é o único caminho que está encontrando para receber mais de R$ 1 milhão que emprestou para que o governador Confúcio Moura (PMDB) utilizasse em sua campanha ao governo do Estado de 2010. O dinheiro teria sido utilizado principalmente na compra de combustível.

O empresário tem requisições assinadas por coordenadores de campanha de Confúcio para comprovar todas as vezes em que libebou dinheiro. Alguns desses coordenadores ainda ocupam cargo de primeiro escalão no governo.

Ele disse ao Tudorondônia que os coordenadores da campanha lhe asseguraram que o dinheiro seria pago no primeiro ano de mandato, mas está acabando o segundo ano e a dívida ainda não começou a ser quitada.

O Ministério Público apurou que dinheiro desviado da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) teria sido utilizado para pagar contas de campanha de Confúcio Moura. Ao Tudorondônia, o empresário explicou que não recebeu nada, por isso não foi beneficiado pelo esquema para desviar recursos públicos.

Só pagando propina

Empresários ouvidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Estado informaram que foram extorquidos pelo deputado cassado Valter Araújo (PTB-Porto Velho). José Miguel Saud Morheb, em seu depoimento, disse que foi procurado por um emissário do então deputado, que era presidente da Assembleia Legislativa.

Ele contou que o governo Confúcio só pagou o que lhe era devido depois que concordou em liberar propina para o deputado. De acordo com o empresário, Valter Araújo disse que Confúcio Moura havia lhe entregue a prestação de serviços no governo.

Há mais caso de empresário ouvido pela Polícia Federal durante a Operação Termópilas afirmando que o que não conseguiu receber em três meses no governo Confúcio, recebeu em três dias, após concordar em pagar propina.

O desvio de dinheiro dos cofres públicos chegou a R$ 18 milhões, e uma parte teria sido usada para pagar dívidas de campanha. Um telefonema gravado pela Polícia Federal demonstra que Valter Araújo tinha forte influência no governo Confúcio:

VALTER: Oi.

RAFAEL: Pera aí.

CARLA: Bom dia, deputado. É Carla.

VALTER: Bom dia, Carla. Tudo Bem?

CARLA: Tudo bem. Como vai o senhor?

VALTER: Eu vou bem graças a deus e vou ficar melhor agora, Carlinha.

CARLA: Diga.

VALTER: Carlinha, o que que aconteceu que o nosso pagamento não foi para o banco, minha amiga?

CARLA: Qual pagamento?

VALTER: Da Romar.

CARLA: Eu tenho que dar uma olhada o seguinte: Alguns que estavam assinadas as ordens bancárias, foram. Deixa só eu conferir que tem uns que estão chegando pra mim agora aqui.

VALTER: Não, mas ele tava pronto aí na sexta-feira. Inclusive o Batista tava comigo e saiu correndo pra poder assinar essas OB.

CARLA:Hã. Se saiu, então eu tenho que verificar, porque o que foi assinado na sexta foi pedido para encaminhar ao banco.

VALTER: Dá uma olhadinha pra mim, Carla, por favor, eu preciso resolver isso agora, minha querida.

CARLA: Pode deixar, eu vou dar uma olhada, então. Tá? Brigada.

VALTER: Tá? De nada. Tchau, tchau, deixa eu falar com o Rafa. Alô.

RAFAEL: Oi.

VALTER: Ela vai olhar aí, verifica aí pra mim o que que foi que aconteceu. E aí me bota no telefone com o Batista que eu já vou dar um conselho pra esse nego. (…)

VALTER: E vê meu pagamento aí.

RAFAEL: Beleza, beleza.

VALTER: Já vê com a Carla aí logo o meu pagamento e depois você vai lá.

RAFAEL: Porque o Esmeraldo que me falou, aquilo é só conversa dela. O negócio tá com ela. Ela não autorizou pra dar o negócio, tá?

VALTER: Então, você já vê com ela aí, que digo: Ó, to esperando a resposta aqui que o Valter tá aguardando.

RAFAEL: Beleza. Já te ligo aí de novo.

VALTER: Se ela não resover, eu já apareço aí.

RAFAEL: Beleza, beleza, beleza.

Fonte: Oobservador/Tudorondonia